segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ashe & Alexia

Alexia - a chama que nunca se apaga
"Vem viver comigo, sê o meu amor
E alguns novos prazeres desfrutaremos
Nas areias douradas,
entre as águas dos regatos de cristal.
Elas correrão sussurando, aquecidas
mais pelos seus olhos do que pelo sol."
John Donne
(Trad. Paulo Mello)
Fui tomar um banho.
Perdido novamente em meus pensamentos, assustei-me quando a porta do banheiro foi aberta.
Pensei no Colt que estava em cima da pia.
Abri o boxe e a vi. Alexia. Uma toalha cobria a sua nudez.
E eu fiquei ali, sem graça.
- Você está assim porque estava pensando na esposinha, na minha irmã ou em mim? - ela disse sorrindo maliciosamente.
Eu ia começar a falar, mas ela me interrompeu:
- Não fale nada. Faça apenas. Faça amor comigo. Será bom para ambos, eu te prometo.
Ela deixou a toalha cair no chão, e vi como ela era linda. O inevitável: aproximou-se de mim e encostou-se no meu corpo. Eu estava teso. Ela virou-se de costas e eu acariciei os seios generosos, os mamilos estavam duríssimos. Passei as maõs pelo seu corpo e senti a sua cintura bem definida e as suas poderosas ancas.
Depois ela saiu do chuveiro e foi para o quarto.
Quando eu terminei de me limpar, fui procurá-la e tive uma das cenas mais lindas da minha vida: ela estava sentada na beirada da cama, a toalha amarrada na cintura, os seios tão belos, escondidos pelas suas mãos. O cabelo negro, comprido, compunha um quadro indescritível.
Fizemos amor de novo.
Passamos a dividir a mesma cama a partir daquela noite,

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Scene

Segunda-feira.
É preciso dizer mais?
Estou no Rio de Janeiro, num calor infernal e nada satisfeito com o rumo que as coisas estavam tomando na casa em que eu vivia.
Na verdade, eu estou muito irritado. Não sei o que faço com a Alexia e a Dominiquea. Uma está apaixonada por mim e a outra me odeia. O que eu fiz para Dominiquea chamar-me de aberração?
Andei por toda a madrugada e vi o quanto esta cidade está podre.
Olhei o relógio. Oito horas da manhã. Muita gente indo para o trabalho. Gente normal, com empregos normais.
Entrei num café. Local bonito, limpo, bem legal. Pedi um capuccino.
Eu mastigava os meus pensamentos quando escutei um sujeito gritando:
- Tirem ass carteirass, os relógioss e todass ass jóiass!
Sou um para-raios de problemas, pensei.
- Somoss do comando, sacou?
A pronúncia do povo desse lugar me irrita. Assantantes me irritam. Ainda assim fiquei quieto. Eu tentava escapar do meu destino, mas ele não me esquecia. Sem chance.
Eu me levantei e um dos assaltantes gritou para mim:
- Tu é doss "home"?
Nada respondi. Apenas avaliei a situação: três malacos. O erro deles foi tentar assaltar a maldita padaria justamente quando eu estava nela.
Eles portavam Taurus semi-automáticas, 9 mm Para. Bobagem. Armas inúteis.
- Palhaço! Ele esstá falando com você! Um outro malaco falou.
Eram quatro, então, pensei.
O que estava à minha esquerda engatilhou a arma.
- Parem com isso - eu disse. - Não vale a pena.
- Ah, temoss aqui um padre ou um mané? Vou te dar unss "pipocoss" para você aprender.
- É padre! - disse um deles.
- Mass antes eu quero que você veja o que fazemoss com o teu rebanho - disse um quarto assaltante.
Depois que ele disse isso, agarrou uma das clientes e começou a bolinar os seios dela.
- Vou "esstrupar ela" e depoiss vamoss te matarr bem devagarrr - ele disse.
Gargalhavam, pois acreditavam na ineficácia da lei. Na ausência do estado.
Eu, que não representava nem uma coisa nem outra, saquei a minha Automag V, .50 e disparei na cabeça do malaco que tinha engatilhado a arma.
Sem esperar reação disparei nos outros. Imobilizei um deles, outro eu matei. Ficou apenas aquele que tinha a mulher como refém.
Caminhei em direção a ele. ele disparou duas vezes no meu peito. O sangue escorria pela minha camisa.
- Que é isso? Você não morre?
Olhei para ele e pude ver através dos seus olhos as maldades que ele já havia praticado contra os seus semelhantes.
Uma onda de maldade muito maior tomou forma em meu coração. Eu Levantei a Automag e disparei no seu joelho.
O calibre 50 é bom por causa do seu poder de parada. Pelo menos em serem humanos.
A arma dele caiu no chão, distante das suas mãos.
Com o joelho destroçado, ele olhava para mim incrédulo. A mulher que ele havia mantido como refém afastou-se, abalada.
Disparei no outro joelho. Precaução.
O malaco que eu havia imobilizado com um tiro, disparou em mim também.
Disparei na mão dele e os seus dedos caíram no chão.
Eu tinha mais duas balas no pente, mas ocorreu-me uma ideia.
- Alguém pode me dar uma faca? - pedi.
O local era um silêncio total.
Até que a mulher que havia sido agarrada pegou uma faca da mesa e me trouxe.
Peguei a faca e abri as calças dos dois sobreviventes.
Eu disse:
- Se alguém quiser me deter, que o faça agora.
Depois de feito o trabalho eu falei:
- Se alguém quiser chamar a emergência, chame. Ou eles morrerão de hemorragia.
Um senhor abriu o celular, mas a mulher que estava ao lado dele deu-lhe um safanão e o celular caiu no chão.
Eu fui embora sem pagar a conta.
Quando eu cheguei em casa, a Dominiquea foi me receber.
- Ashe! Por onde você andava? Por que você está sangrando.
- A sua aberração estava passeando - respondi. - As aberrações costumam sangrar quando saem a passeio.
- Foi você que matou os carinhas na padaria? - ela perguntou.
- Já saiu na televisão?
- É verdade que você fez?
- É.
- Você cortou as bolas deles e mandou-os comerem?
- É.
- Fez cada um comer as bolas do outro?
- Fiz.
- Sabia que eles morreram de hemorragia e ninguém chamou a emergência?
- Não me importo.
- Começo a gostar de você.
- É. Eu sei - respondi.

Scene

Eu caminhava de mãos dadas com ela. A areia macia acariciava os nossos pés descalços, lavados pelo mar no ritmo das ondas. Havia poucas pessoas na praia, o que tornava o nosso passeio mais romântico. Nada de barulho, confusão, apenas paz. Fazia muito tempo que eu não vivia um momento como esse.
Subitamente ela parou e segurou a minha mão, eu olhei para ela e entendi.
Quando chegamos à cabana, ela começou a tirar as suas roupas e a me despir também. Beijava-me a boca num frenesi. Com a força sobrenatural dela, tentava me subjugar e eu me deixei ser subjugado.
Eu disse para ela:
- Vamos para o quarto.
- Não quero você aqui - ela respondeu.
Iniciado o jogo erótico das preliminares, já com os nosso corpos entrelaçados, ela pediu:
- Recite algum poema erótico, daqueles que eu gosto para que o meu êxtase seja completo.
Enquanto eu acariciava os seus pequenos e delicados seios, de mamilos intumescidos, recitei um trecho de Ovídio que ela gostava tanto:
"Se a mulher é pequena,
que se faça de cavaleiro.
Por ser muito alta,
nunca a esposa de Heitor
fez-se de cavaleiro sobre o seu homem.
Se quiseres achar um homem que admire
a plenitude das tuas ancas
no leito ajoelhada
jogue a cabeça para trás.
Caso as tuas coxas tenham as formas roliças
e o frescor da juventude,
e os teus seios sejam perfeitos,
que fique o homem aprumado.
Inclina-te em relação ao corpo dele.
Não tenhas pudor de soltar os cabelos como as bacantes
e agite os teus seios, por eles adornado.
Para desfrutar o prazer proporcionado por Vênus
muitas maneiras existem.
De todas elas, a mais confortável e menos complexa
é aquela em que ficas semi-deitada sobre o teu lado direito."
Quando eu já estava dentro dela, sentia que o seu corpo vibrava, extremamente excitado.
Os seus cabelos negros, muito curtos roçavam a minha pele.
Ovídio - A arte de amar.
Trad. Paulo Mello

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Será um novo começo?

Ela estendeu-me um papel dobrado. Dele exalava o seu perfume.
Ela percebeu o que eu senti, e sorriu, e enrubescendo novamente, disse-me:
- O perfume chama-se Fantasy...
Abri o papel e li o poema:
"Ama-me. É tempo ainda.
Interroga-me.
Eu te direi que o nosso tempo é agora.
Esplêndida avidez, vasta ventura
Porque é mais vasto o sonho que elabora
Há tanto tempo a sua alma própria tessitura
Ama-me
Embora eu te pareça
Demasiada intensa
E de aspereza,
E transitória
Se tu me repensas."
Eu li o bilhete, dobrei-o novamente e o coloquei no bolso da minha camisa.
O que ela queria dizer com aquilo?
...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

The Covenant

Fallen Angel II
- Eu quero armas que você vai forjar - eu disse.
- Quais? - Old Nick perguntou.
Eu nada respondi, a Úrsula havia saído da casa e eu não conseguia mais localizá-la.
- Que armas, Ashe? Eu estou falando com você!
Olhei para ele e respondi:
- Quero dois "Colt Walker" Que não precisem ser recarregados, que a munição seja infinita. Eles devem ser forjados no enxofre e nas lágrimas dos injustiçados.
- Você é mesmo do mal Ashe! - Old Nick elogiou. - Causa-me arrepios... de prazer, "Pacificador".
- Faça logo essas armas. Eu tenho muitas almas para te enviar e eu não quero me atrasar - afirmei.
Old Nick não disse nada, apenas chacoalhou a cabeça, deu uma gargalhada e desapareceu.
Eu fui atrás da Úrsula. Escutava ao longe as sirenes dos carros de polícia. O meu tempo era curto.
Quando eu a vi, a menina-flor caminhava descalça, sem rumo, sob o sol inclemente da Grécia.
- Úrsula! - Chamei-a em voz alta.
Ela parou de caminhar, mas permaneceu com os olhos voltados para o chão.
- Por que você fez aquilo comigo? - eu perguntei.
- Ashe, eu...
- Olhe para mim!
- Não sou digna de olhar para ti - ela respondeu.
- Não diga isso Úrsula.
- Olharei a tua sombra, por isso mantenho os meus olhos voltados para o chão.
- Pois eu quero estar onder a minha sombra estiver, se é lá que os teus olhos estarão - eu disse.
- Ah, Ashe! Por que você fala assim?
Lentamente, ela levantou os olhos e eu vi que ela estava chorando. O meu anjo. A minha menina-flor.
- Úrsula, os teus olhos são tão bonitos. Por causa deles eu te reconheci no hotel em Londres. Olhos da cor do mar Egeu. Profundos. Quero olhar para eles. Não sei dizer o que é mais azul, o mar Egeu, o céu da Grécia ou os olhos teus.
- Agora eu sei por que eu voltei. Eu voltei porque eu te amo! Ser um anjo deixou de ter sentido. Eu quero ficar contigo. Mas se eu não tiver o teu perdão, eu vou embora - ela disse.
- De maneira alguma! Eu não vou deixá-la partir! Então apareces do nada, bagunça os meus sentimentos e depois acha que vai simplesmente partir? Assim, sem calçados, com o mesmo vestido azul, sem mais nada? Será que a nossa história vai se repetir? Eu ainda possuo uma parte humana e ela diz para mim que eu não posso deixá-la partir.
- Ainda tenho uma chance contigo? - Ela perguntou.
- Não - eu falei.
- É a Dominiquea, não é?
- É.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

The Peacemakers

Fallen Angel
"Anjo celestial, demasiadamente formoso
para a humanidade
a cuidar sob a forma de uma mulher
De tudo o que há em ti é insubsistente
por excesso de amor, de eternidade
e resplendor."
Shelley
(Trad. Paulo Mello)
Quando eu abri os olhos vi um vulto parado na porta da frente e eu, mesmo contra o sol, o reconheci, mas não quis acreditar no que via. A Úrsula voltara.
Eu, caído, apenas fechei os olhos.
Ela tocou-me levemente com um dos pés. Vestia aquele antigo vestido azul e estava descalça.
Abri os olhos novamente e perguntei:
- O que foi agora? Você não é o anjo que sempre sonhou ser?
Ela balançou negativamente a cabeça, mas nenhuma palavra saiu da sua boca.
Com um dos pés nus desenhou um coração no chão de terra batida.
- Ah, é? - eu disse - O céu não é tão bom como você pensava?
Ela continuou sem nada dizer, apenas desenhou no chão o símbolo de vazio. Não conseguia olhar para mim, sempre olhava para baixo.
- O que você quer afinal? - perguntei irritado.
Ela desenhou uma seta no coração que ela já havia desenhado no chão. A seta apontava para mim.
- E se eu não te amar mais? - perguntei.
Ela abaixou ainda mais os olhos e desenhou uma caricatura do Old Nick.
- Ah, não! De jeito nenhum! Nem pensar! Vocês anjos acham que podem controlar a vida das pessoas? Pois saiba que não controlam, entendeu?
Ela virou-se para a porta e começou a sair, descalça, vestindo aquele primeiro vestido azul. Eu fiquei desesperado.
- Nick! Niiiick! Eu aceito o pacto com você! Agora! Se aquela mulher for embora para o inferno, eu juro que te mato! Mato o capeta, e você não pode fazer nada comigo porque eu já morri. Eu ofereço um acordo: eu serei o teu executor oficial, o teu assassino eterno. Todas as almas que eu despachar para a eternidade serão tuas. Anjos, demônios, homens, mulheres, o que você quiser! Apareça, porra! Eu estou falando com você!
Senti a "presença" dele e aquela voz cavernosa, pausada, não deixava dúvidas.
- Você tem coragem, Ashe. Sou mais antigo do que o Filho e ninguém depois que eu caí me enfrentou como você. Tem certeza de que quer fazer esse acordo comigo? Po causa desse anjo caído? Nem prole ele pode te oferecer, pois o anjo é estéril! Nem sequer é uma mulher!
- O problema é meu, Vermelhão. Você quer fazer o pacto ou não?
- É claro que eu quero! Afinal, das artes que você domina com perfeição, a mais bela é aquela de mais gosto: matar e destruir tudo aquilo que lhe opõe resistência - ele respondeu.
- Deixe a Úrsula em paz! - eu disse.
- Ela será a sua serva, Ashe - disse Old Nick.
- Não Nick, ela não será a minha serva. Ela terá o livre arbítrio - respondi.
- Eu não te entendo, Ashe Você foi traído por ela e por aquele anjo, o Rael. E você ainda a chama de menina-flor. Saiba que ela está mais para erva daninha do que para uma flor azul. Mas, se é isso que você quer... eu aceito o acordo. Chame-a de volta, por que se o céu não a quer, tampouco o inferno vai recebê-la. Fique com ela, meu executor oficial, hehehe.