domingo, 27 de fevereiro de 2011

Scene

Segunda-feira.
É preciso dizer mais?
Estou no Rio de Janeiro, num calor infernal e nada satisfeito com o rumo que as coisas estavam tomando na casa em que eu vivia.
Na verdade, eu estou muito irritado. Não sei o que faço com a Alexia e a Dominiquea. Uma está apaixonada por mim e a outra me odeia. O que eu fiz para Dominiquea chamar-me de aberração?
Andei por toda a madrugada e vi o quanto esta cidade está podre.
Olhei o relógio. Oito horas da manhã. Muita gente indo para o trabalho. Gente normal, com empregos normais.
Entrei num café. Local bonito, limpo, bem legal. Pedi um capuccino.
Eu mastigava os meus pensamentos quando escutei um sujeito gritando:
- Tirem ass carteirass, os relógioss e todass ass jóiass!
Sou um para-raios de problemas, pensei.
- Somoss do comando, sacou?
A pronúncia do povo desse lugar me irrita. Assantantes me irritam. Ainda assim fiquei quieto. Eu tentava escapar do meu destino, mas ele não me esquecia. Sem chance.
Eu me levantei e um dos assaltantes gritou para mim:
- Tu é doss "home"?
Nada respondi. Apenas avaliei a situação: três malacos. O erro deles foi tentar assaltar a maldita padaria justamente quando eu estava nela.
Eles portavam Taurus semi-automáticas, 9 mm Para. Bobagem. Armas inúteis.
- Palhaço! Ele esstá falando com você! Um outro malaco falou.
Eram quatro, então, pensei.
O que estava à minha esquerda engatilhou a arma.
- Parem com isso - eu disse. - Não vale a pena.
- Ah, temoss aqui um padre ou um mané? Vou te dar unss "pipocoss" para você aprender.
- É padre! - disse um deles.
- Mass antes eu quero que você veja o que fazemoss com o teu rebanho - disse um quarto assaltante.
Depois que ele disse isso, agarrou uma das clientes e começou a bolinar os seios dela.
- Vou "esstrupar ela" e depoiss vamoss te matarr bem devagarrr - ele disse.
Gargalhavam, pois acreditavam na ineficácia da lei. Na ausência do estado.
Eu, que não representava nem uma coisa nem outra, saquei a minha Automag V, .50 e disparei na cabeça do malaco que tinha engatilhado a arma.
Sem esperar reação disparei nos outros. Imobilizei um deles, outro eu matei. Ficou apenas aquele que tinha a mulher como refém.
Caminhei em direção a ele. ele disparou duas vezes no meu peito. O sangue escorria pela minha camisa.
- Que é isso? Você não morre?
Olhei para ele e pude ver através dos seus olhos as maldades que ele já havia praticado contra os seus semelhantes.
Uma onda de maldade muito maior tomou forma em meu coração. Eu Levantei a Automag e disparei no seu joelho.
O calibre 50 é bom por causa do seu poder de parada. Pelo menos em serem humanos.
A arma dele caiu no chão, distante das suas mãos.
Com o joelho destroçado, ele olhava para mim incrédulo. A mulher que ele havia mantido como refém afastou-se, abalada.
Disparei no outro joelho. Precaução.
O malaco que eu havia imobilizado com um tiro, disparou em mim também.
Disparei na mão dele e os seus dedos caíram no chão.
Eu tinha mais duas balas no pente, mas ocorreu-me uma ideia.
- Alguém pode me dar uma faca? - pedi.
O local era um silêncio total.
Até que a mulher que havia sido agarrada pegou uma faca da mesa e me trouxe.
Peguei a faca e abri as calças dos dois sobreviventes.
Eu disse:
- Se alguém quiser me deter, que o faça agora.
Depois de feito o trabalho eu falei:
- Se alguém quiser chamar a emergência, chame. Ou eles morrerão de hemorragia.
Um senhor abriu o celular, mas a mulher que estava ao lado dele deu-lhe um safanão e o celular caiu no chão.
Eu fui embora sem pagar a conta.
Quando eu cheguei em casa, a Dominiquea foi me receber.
- Ashe! Por onde você andava? Por que você está sangrando.
- A sua aberração estava passeando - respondi. - As aberrações costumam sangrar quando saem a passeio.
- Foi você que matou os carinhas na padaria? - ela perguntou.
- Já saiu na televisão?
- É verdade que você fez?
- É.
- Você cortou as bolas deles e mandou-os comerem?
- É.
- Fez cada um comer as bolas do outro?
- Fiz.
- Sabia que eles morreram de hemorragia e ninguém chamou a emergência?
- Não me importo.
- Começo a gostar de você.
- É. Eu sei - respondi.

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