sábado, 30 de abril de 2011

Quando chega a escuridão

Londres
"O sangue do justo será exigido de Londres,
dizimada pelo fogo três vezes vinte mais seis.
A antiga dama cairá de sua alta posição e
muitos da mesma seita serão abatidos."
"A grande peste da cidade marítima não cessará
enquanto a morte não for vingada pelo sangue de um justo
aprisionado e condenado sem crime;
a grande dama é ultrajada pela pretensão."
Nostradamus, II .51, 53

Quando cheguei ao aeroporto de Heathrow chamei um táxi e fui para o hotel The Ritz, 190 Piccadilly, um hotel muito luxuoso e elegante, 325 libras a diária.  Ele fica próximo da Abadia de Westminster.
Após instalr-me, fui alugar um automóvel e acabei alugando um BMW preto, ano 2001, na AVIS.
À noite, fui até um lugar chamado Alphabet Bar, 61-62 Beak Street e lá, enquanto bebia um pint de cerveja e comia um salmão defumado, elaborava uma lista dos prováveis locais onde eu poderia encontrar a Dominiquea.
A minha lista ficou resumida em cinco lugares: Natural Museum, British Museum, Tower Bridge & London Tower, Saint Paul's Catedral.  E se não a encontrasse em nenhum desses lugares, eu reviraria a cidade pelo avesso até encontrá-la.
Olhei o relógio e resolvi que estava na hora de sair em busca de armas.  Abandonei o Piccadilly Circus e fui para o lado mais "barra pesada" do Soho. 
Comecei pela Brewer Street, rua extremamente variada, de sushi bares até lojas de artigos S&M, peep show, com mulheres que se exibem por 5 libras a sessão.  Depois, fui para a Walker Court e seus bares que oferecem bebidas e shows de striptease, pole dance, bares gays com shows de travestis, etc.  Terminei o meu "passeio" na Old Compton Street, que virou um grande "point" gay.
Em todos esses lugares, eu entrava nos bares, pedia uma bebida e na hora de pagar abria a carteira cheia de libras na frente de todos.  Algum ladrão iria morder a isca.  Na saída, sempre procurei andar pelas ruas mais desertas e escuras, cheias de "quebradas".
De repente, numa dessas esquinas, um rapaz saltou na minha frente e disse:
- Oi, meu nome é Will, mas os meus amigos me chamam de Alice, vi que você está sozinho e eu queria te fazer companhia.  Sorria lascivamente esperando uma resposta.
- Will, eu sou um assassino e estou aqui para cumprir uma missão e você não faz parte dos meus planos.  Faça um favor a si mesmo e dê o fora da minha frente! - eu disse secamente.
- Oh! - ele exclamou e saiu correndo.
Andei mais alguns quarteirões e finalmente aconteceu.
Percebi que cinco sujeitos estavam me seguindo e eu diminuí os passos para ser alcançado e quando isso aconteceu, um deles disse de forma agressiva:
- Forasteiro!  Parado aí!
- Em que posso ajudá-los? - eu disse da forma inocente possível.
- Pode nos ajudar dando-nos a sua carteira recheada, seu idiota! - um deles respondeu.
É engraçado, a mesma situação se repete ao infinito, seja em Honolulu, em Thira, no Rio de Janeiro, em New York ou aqui, London.  A raça humana possui sempre o mesmo desejo de possuir bens e acumular riquezas.  Ganância.
Olhei para os cinco homens e constatei esse fato: três brancos, um negro e um indiano.
Se eram pessoas diferentes, lugares diferentes mas a ganância era a mesma, resolvi usar o mesmo velho truque da carteira caída no chão e o dinheiro se espalhando pelo chão. 
Mudavam apenas as moedas: dólares, euros, reais e agora, libras.
Caía naquele momento uma fina garoa e três dos bandidos trataram de recolher o dinheiro que começava a ficar todo molhado.  Os outros dois mantinha-me sob a mira das suas armas.  Pistolas Ruger e Vektor todas 9 mm.  Em plena Inglaterra, quem diria!
Mas o ser humano vacila.  Sempre.
Um deles levantou-se com as mão cheias de dinheiro, mais preocupado com ele do que comigo.  Fatal!  Avancei sobre ele e quando um daqueles que me mantinha sob a mira eu já havia colocado o vacilão como escudo.
O idiota disparou três vezes e acertou todos disparos no próprio amigo.  Ou ele estava bêbado ou drogado (ou as duas coisas, pois elas não se excluem).  Ninguém acerta três vezes o mesmo alvo errado!
Eu peguei a arma do meu escudo humano e disparei acertando o bandido que atirava em mim.
Um outro dizia sem parar:
- Esse desgraçado matou o meu irmão!
Atirei nele também.  
Disparei mais quatro vezes e abati todos os outros animais restantes.  Recolhi as armas e revistei os bolsos deles em busca de munição sobressalente.
Resultado: fiquei com as duas pistolas Vektor, 56 munições recolhidas das armas e mais doze sobressalentes.
Recolhi o dinheiro das mão deles e fui embora, deixando para trás as pistolas Ruger.
Voltei para o meu hotel e fui para o meu quarto.  Tinha duas boas armas e munição suficiente.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Dominiquea e Alexia - arrependimento

E depois não consegui falar mais nada, estava cansado.  Olhei para as três agradeci com um gestou e fui deitar-me novamente.   A Úrsula veio atrás de mim e disse:
- Ashe, perdoe as meninas.  Elas não tiveram culpa.
Eu respondi:
- Já havia perdoado a ambas desde o momento em que cortei o meu pescoço e dei o meu sangue para elas beberem.  A decisão foi minha.  Não conseguiria viver sem elas.  E sem você.
- Diga isso para elas.  Elas pretendem ir embora de Big Sur.
- Elas não vão - eu disse. - Pode ficar tranquila.
Levantei-me novamente, coloquei um jeans e fui falar com as duas irmãs.
Sentei-me ao lado delas na escada da cabana.  Elas não conseguiam olhar para mim.  Eu disse:
- Há muito tempo, um homem criou um obra muito bonita.  E muito triste.  Ela falava de uma criatura que vivia presa dentro de uma gaiola.  A frase que mais marca o meu coração é essa: "...quando as crianças perguntavam: 'o que desejas, Sibila?'; ela respondia: 'Desejo morrer'.".  Dominiquea, meu amor, Alexia, meu amor.  Vocês não podem partir, pois amo vocês duas e sem vocês não posso viver.  Sem vocês duas eu enlouqueceria.  O único desejo que eu possuiria era aquele mesmo que dominava a alma da Sibila: o de morrer.
- Ashe - era Alexia quem falava - eu queria ir embora, mas não posso, não consigo.  Eu também não conseguiria viver longe de você meu amor.
- Como a tua Lioness poderia viver longe de ti?  Eu definharia até a minha extinção - disse a Dominiquea com os olhos marejados.
Nós rês nos abraçamos e nos beijamos.
Na porta da cabana a Úrsula via tudo isso emocionada.  

Slate's Hot Springs IV

Quando acordei, estava deitado no meu quarto.  Estava nu.
Passei a mão no pescoço e não encontrei ferida alguma, nem cicatriz.  Era sinal que eu havia sido tratado com bastante sangue.
Levantei-me da cama meio cambaleante, orientado pelo som da voz da Úrsula, fui até a varanda e encontrei as três conversando, sentadas na escada.
Encostei-me no batente da porta e disparei uma série de perguntas:
- Como eu me recuperei?   Que dia é hoje?  Vocês estão bem?   Onde está a Grace?
As duas irmãs nada disseram.  Quem falou foi a Úrsula:
- Foi uma coisa estúpida o que você fez!   Poderia ter morrido.  Depois de andar algum tempo com a Grace ela entrou em desespero e apontava em direção da cabana.  Eu não entendia nada e então foi que ela falou comigo!   Você sabia que ela era telepata, não é seu cachorrão?!  Ela disse o que estava acontecendo.   Eu voltei correndo o mais depressa que pude para cá.  Você estava desacordado e a Alexia e a Dominiquea estavam sentadas na cama, atônitas.  Eu o arrastei para fora do quarto delas e levei-o para o nosso e deitei-o em nossa cama.
- Como eu me recuperei? - Perguntei novamente.
- Eu fiquei desesperada!  Tranquei-me no quarto com elas, expliquei a situação e elas, apesar de não estarem recuperadas plenamente, saíram para caçar alimento para te regenerar.
- Úrsula, você quer dizer que caçaram uma ... pessoa?
- Mesmo enfraquecidas elas me ajudaram.  Lembre-se: somos uma família!   Saímos com a caminhonete, rodamos alguns quilômetros e vimos alguns rapazes.  Eu parei o veículo e perguntei onde nós estávamos.   Eles olharam para nós três,  garotas sozinhas, aparantemente perdidas e resolveram tirar proveito da situação.  Pegamos os quatro e você os matou, bebendo o sangue deles.
- Quatro? - Perguntei espantando.
- Quatro - ela confirmou.  
- O que vocês fizeram com os cadáveres? - Perguntei já temendo a resposta.
- Nós colocamos os cadáveres na caçamba da caminhonete e como já era noite, rumamos para um lugar bem distante daqui e jogamos os corpos do alto do penhasco.  A essa hora eles já estão destroçados seja pela rebentação, seja pela voracidade dos peixes da região.  Faz uma semana desde que você fez a estupidez de dar o seu sangue a elas.  E se eu não tivesse voltado a tempo?
- Eu teria morrido - respondi.
      

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Slate's Hot Springs III

Eu achei não saberia mais amar, mas ao ver a Dominiquea e a Alexia  naquele estado, percebi que não podia viver sem elas.
Entrei no quarto onde elas estavam e tentei convencê-las pela última vez que tudo aquilo era uma bobagem, que eu as perdoava... inútil.  Não moveram um músculo, nem piscaram, eram um amontoado de pele e ossos.
Eu então suspirei, sabia que teria que tomar uma atitude radical, pois  não aguentaria viver sem elas. 
Levantei-me da ponta de uma das camas, abri a bainha e retirei o meu Spyderco e expus a sua lâmina..
Escolhi a Alexia que estava muito mal.  Ela olhou o canivete assassino, não esboçou reação alguma, fechou os olhos e esperou o golpe fatal.
Debrucei-me sobre ela e beijei-lhe os lábios sem cor e fiz um corte profundo no meu pescoço e deixei o meu sangue regenerador escorrer abundante para os seus lábios.  
E disse  com firmeza:
- Sinta Alexia o gosto da vida, beba da minha vida e ela será sua!
Quando o meu sangue quente, doce, forte, penetrou na sua boca, ela abriu os lábios expôs as presas e eu me deixei morder com prazer.
Depois de alguns minutos, afastei a sua cabeça e fui até a Dominiquea e repeti a operação.   Fiz isso várias vezes e esse revezamento começou a me deixar enfraquecido, mas eu só parei quando percebi que aquela cor rosada tinha voltada para o rosto das duas irmãs.
Mas estava fraco, fraco demais.  Desmaiei.

Slate's Hot Springs

Depois de sete dias após o acontecimento, eu estava muito enfraquecido, mas já havia quase me recuperado dos ferimentos.  Isso significava que eu havia tomado um generosa dose de sangue de alguém, mas de quem? 
Eu só via a Úrsula e não via as duas irmãs.  
A Úrsula disse que elas se recusavam a sair do outro quarto, não estavam se alimentando nem bebendo água.
Quando eu consegui me levantar, fui até ao quarto delas e as encontrei prostradas nas suas camas.   Estavam extremamente magras e desidratadas e pálidas e eu não consegui fazer com que elas parassem com aquilo.
Procurei a Úrsula e perguntei qual era a opinião dela e ela foi direta:
- Ashe elas decidiram morrer e disseram-me que se isso de fato acontecesse a culpa não seria sua.  Elas estão envergonhadas com que fizeram nas termas.
Recorri à Grace:
- O que eu faço?
Ela "disse":
Se não fizeres nada elas vão morrer.  Elas sentem-se culpadas pelo o que aconteceu.  Mas eu havia te avisado.   Elas são inexperientes e não sabem conter os impulsos.   O desejo de sangue uma vez iniciado exige um grande autocontrole para ser detido e elas não conseguem deter esses impulsos.
Peças para a Úrsula sair comigo para um passeio na floresta e fique sozinho com elas e deixe o teu instinto fluir.  Eu sei que tens muito amor por ambas.  Faças o que tem que ser feito.
E foi o que fiz.
A Úrsula chamou a Grace e falou:
- Grace, minha lindinha, vamos passear por aí?
- Weep!
- Nossa Grace, você só consegue falar isso, weep? - a Úrsula reclamou.
- Weep!
E as duas foram passear pela floresta.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Slate's Hot Springs

Nessas noites, quando até os insetos se recolheram, nós quatro já havíamos tomando muito vinho e feito muitas brincadeiras. A Úrsula teve a ideia:
- Vamos para as termas tomar banho?
As termas de Slate's Hot Springs são muito importantes para a fama e glória de Big Sur. O Esalen Institute é o proprietário delas e elas ficam a 50 km da nossa cabana e eles abrem as termas para o público num horário bem restrito: da 01h00min até as 03h00min. Duranto o restante ele está servindo só aqueles que estão lá hospedados.
Disse para as trê meninas pegarem os seus biquínis. enquanto isso eu fui arranjar uma cesta com queijos e mais vinho. Cada um pagou vinte dólares para entrar. Em cada sala é permitido apenas quatro pessoas adultas, nenhuma criança.
Alexia, minha melhor sniper disse:
- Sabia que nós podemos ficarmos nus? Nós nunca ficamos nus. Nunca nós quatro, ficamos assim, juntos. Podemos, Ashe?
- Alexia, você quer isso mesmo - respondi.
- É tudo o que eu desejo!

Fiz um sinal com a cabeça para a Úrsula e ela saiu da banheira e foi pegar uns drinks.
Quando ela voltou eu estava beijando a Alexia.
A Úrsula disse:
- É melhor ver se não tem algum bangalô que possamos alugar, pelo menos por esta noite.
E saiu novamente da piscina dando risadinhas maliciosas.
Foi justamente aí que a coisa desandou: a Dominiquea avançou, excitada, mordeu o meu pescoço e isso excitou a Alexia também.
E quando a Dominiquea morde, ela morde para valer!
Eu me assustei com a sua atitude. Tentei afastá-la com delicadeza, mas ela mordeu com mais força e eu a empurrei, o sangue escorria pelo meu peito.
A alexia ficou excitada quando viu todo aquele sangue e partiur para cima de mim com tanta voracidade que eu não conseguia livrar-me dela. A outra não me dava descanso e eu estava morrendo aos poucos. O sangue escorria com abundância.
Foi quando a Úrsula voltou e viu horrorizada o que estava acontecendo. Ela largou os papéis que segurava nas mão e pulou na piscina e foi parar entre nós três. Afastou Dominiquea e eu consegui afastar-me da Alexia e saí da piscina.
As duas irmãs saíram do transe, se acalmaram e olharam o que elas tinham feito: a minha garganta estava toda mordida.
Acho queelas entenderam naquele momento o que elas quase fizeram: matar o homem delas.

sábado, 9 de abril de 2011

Near Dark

Angels

E na entrada do inferno

Ele se deparou com o guardião

E o protetor do reino inferior disse:

"Não deixarei você passar

foste abandonado,

volte e busque a tua recompensa

não apenas para a sua própria angústia,

mas para vingar

aqueles que foram injustiçados."

E o guardião colocou em suas mãos

a espada de Salomão,

forjada com enxofre e temperada

com as lágrimas dos injustiçados.

E foi assim,

naquela noite que não tinha fim,

que a sua vingança começou.

Quando o café da manhã já estava sendo servido eu desci e deixei a Dominiquea dormindo. Sentei-me à mesa com uma porção generosa de omelete com bacon no prato e uma xícara de de café sem açúcar. Quando eu ia dar a primeira garfada, um jovem sentou-se na outra cadeira da mesa.

Ele estava com uma jaqueta de couro, jeans, camiseta e botas. Os seus cabelos era negros e curtos e os seus olhos eram terrivelmente azuis.

Ele olhou para mim e disse:

- Você matou um anjo.

- É aí que você se engana, dois anjos e que tentaram me matar, mas você pode ver que eles fracassaram - respondi.

- Eu lamento muito por tudo aquilo e me consumo numa culpa que não tem fim - o rapaz respondeu.

- Ora, o que você tem a ver com tudo isso?

- Você matou um anjo - ele voltou a afirmar - você matou um anjo e eu não sei o que eu vou fazer com você.

- Se você veio para tentar me matar, que seja agora, eu sei me defender. Só não toque na Dominiquea - respondi.

- Ah, Ashe, por que você não me matou quando teve a chance?

- Por que eu te amava.

- Sabe então quem eu sou?

- Por que você voltou? Para isso? Para me matar?

- Como você sabe quem eu sou?

- Os olhos azuis.

- Nós precisamos da sua ajuda.

- Vocês precisam da minha ajudam e mandam um punhado de anjos matar a Dominiquea. Vocês são mesmo muito esquisitos.

- Eles vieram sem a autorização de Metraton. Eles queriam fazer você pensar que eram demônios e trazê-lo para o nosso lado. Mas deu tudo errado, você apareceu antes do tenpo e matou um deles. Quando você o arremessou pela janela do apartamento ele caiu sobre a própria espada e morreu.

Dei risada.

- Nós precisamos da sua ajuda.

- Dê um motivo para que eu confie em você e no seu chefe, Metraton - respondi. - Afinal você tentou me matar atendendo as ordens dele, não é? A resposta é não.

- Você é um tolo.

- Volte para a sua nuvem e o seu mundo perfeito e nem pense em se aproximar da Dominiquea, ou eu caçarei vocês em cada buraco onde estejam escondidos. Nem que eu tenha que fazer um pacto com o Old Nick.

O rapaz levantou-se, olhou para mim pela última vez. Uma lágrima escorreu-lhe pela face. Não disse mais nada, apenas foi embora.